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As histórias da nossa vida

Professor "Cadu" é Biólogo, Cirurgião-Dentista, Mestre em Microbiologia, Doutor em Geologia Regional, Professor EBTT no Instituto Federal de São Paulo - Campus Votuporanga

A nossa vida é feita de histórias que se iniciam antes do nascimento, contadas por aqueles que nos precederam, transcendendo as gerações

A saga migratória de um bisavô procedente de uma terra distante, as dificuldades encontradas na abertura do sertão, o aperto financeiro, mas também a educação rígida na criação da prole numerosa (comum nos tempos de outrora) e a dura labuta nos campos podem ser fatos relacionados à sua família ocorridos décadas atrás, talvez há mais de uma centena de anos, e que foram narrados por gerações até chegar aos seus ouvidos.

Posso imaginar essas passagens sendo contadas por um homem com a pele castigada pelo sol e as mãos calejadas, resultado do atrito com o guatambu do cabo da enxada, sentado em um banco de madeira e, reunidos ao seu redor, os seus filhos pequenos, atentos a sua narrativa. Penso que o local dessa cena pode ser um casebre na zona rural com cômodos iluminados pela luz de lamparinas a óleo, o chão de terra batida e as paredes de barro massapé. Esse homem rude, porém, trabalhador e obstinado poderia ser o seu avô, ou até mesmo o pai dele, contando histórias antigas dos seus antepassados. Em cada conto e passagem, certamente residem detalhes curiosos que perfazem a história da sua família

Além disso, tradições familiares e figuras do folclore nacional são conhecidas por meio de casos contados pelos parentes mais velhos. Monteiro Lobato, um dos maiores expoentes da Literatura Infantil brasileira, expressou na personagem Dona Benta (a doce avó do Sítio do Pica-Pau Amarelo) essa figura que contava histórias saborosas sobre o passado das famílias e os costumes da cultura popular brasileira. 

Nessa famosa obra de Lobato, os personagens Narizinho e Pedrinho, netos de Dona Benta, exibem um brilho no olhar e uma curiosidade irresistível no semblante ao ouvir as histórias dessa vovó carismática. Provavelmente seus pais, tios e avós também já vivenciaram cenas parecidas no passado.

A propósito! Sempre gostei de ver um avô, uma avó ou um tio mais idoso, do alto dos seus 80 ou 90 anos, proferindo a palavra “papai ou mamãe” com tanta doçura ao se referir a eles durante a narrativa de uma passagem da família. Notam-se o extremo respeito e o carinho dos mais velhos pelos seus pais (sentimento que anda meio perdido nas novas gerações). Poucos dias atrás, vi um tio com 78 anos de idade pedir benção a sua tia velhinha, que ainda mantém uma saúde de ferro. Que cena bonita!

Quando morre um tio, um avô, uma avó ou mesmo um pai ou mãe (chego a sentir um aperto em meu peito ao escrever isso), pode acontecer de morrerem, junto com eles, algumas tradições da sua família e as histórias não contadas e, portanto, não repassadas às novas gerações. Por isso, converse com seus parentes mais velhos, aprendam com eles, visite-os com mais frequência, escute-os e lhes dê atenção.

Não deixe a história da sua família morrer! Não deixe a sua história morrer para que possa repassá-la aos seus filhos. Não quebre essa bonita tradição.

Carlos Eduardo Maia de Oliveira é Biólogo, Cirurgião-Dentista, Mestre em Microbiologia, Doutor em Geologia Regional, Professor EBTT no Instituto Federal de São Paulo – Campus Votuporanga
edumaiaoli@yahoo.com.br

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