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Asa Branca

Professor "Cadu" é Biólogo, Cirurgião-Dentista, Mestre em Microbiologia, Doutor em Geologia Regional, Professor EBTT no Instituto Federal de São Paulo - Campus Votuporanga

Asa Branca

 

“É de sonho e de pó

O destino de um só

Feito eu perdido em pensamentos

Sobre o meu cavalo

É de laço e de nó

De gibeira ou jiló

Dessa vida cumprida a sol

Sou caipira pirapora nossa

Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura

E funda o trem da minha vida

Sou caipira pirapora nossa

Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura

E funda o trem da minha vida”

(Trecho da canção “Romaria”, composição de Renato Teixeira).

 

Certa vez, o cantor Renato Teixeira, jovem e ainda pouco conhecido do público, cantou “Romaria”, recém composta, na abertura de um show do grande sanfoneiro Luiz Gonzaga, “o Rei do Baião”, que já era famoso e reconhecido em todo Brasil na época. Após se apresentar, Renato Teixeira se encontrou com Gonzaga nos bastidores do palco, que disse a ele: “Aí Seu Teixeira, cantou a sua Asa Branca, hein!”

Renato pensou que Gonzaga estava exagerando e disse que não tinha como comparar Romaria e Asa Branca, a famosa música que consagrou o Rei do Baião (Renato pensava que o sucesso de sua canção seria breve e o público a esqueceria em pouco tempo).

Gonzaga insistiu e disse: “Estou falando sério! Agradeça a Deus por compor uma música tão bonita e que caiu no gosto popular. Daqui a 30 anos, você me dará razão. E tem mais, toda vez que cantar Romaria, cante-a como se fosse a primeira vez”.

O tempo deu razão a Luiz Gonzaga! Romaria fez grande sucesso e se tornou uma das canções mais famosas da música popular brasileira, consagrando a carreira de seu compositor. Até hoje o público pede a Renato Teixeira para cantá-la em suas apresentações. A despeito do sucesso de Romaria, chama a atenção o simbolismo apresentado nesse diálogo travado entre esses dois grandes cantores brasileiros; uma conversa cujo significado podemos transpor para nossas vidas. Afinal de contas, compor uma canção da envergadura de ‘Asa Branca’ é sinônimo de inspiração e certeza de sucesso. Para você, leitor ou leitora, o que significa em sua vida compor uma Asa Branca?

Para um pesquisador seria descobrir algo inovador, que modificaria a vida das pessoas ou, pelo menos, promoveria importante avanço em sua área de pesquisa. A publicação em uma revista científica de prestígio internacional coroaria o seu trabalho. Que o digam Alexander Fleming ao descobrir, por acaso, a penicilina, Albert Einstein, ao descrever a Teoria da Relatividade e Darwin, ao elaborar a sua famosa teoria da evolução das espécies.

Encontrar o grande amor, casar-se e ter filhos pode ser a grande tacada de sorte na vida de muitas pessoas.

Alguns consideram um feito digno da composição de uma Asa Branca possuir inclinação empreendedora, acreditar em uma boa ideia, assumir riscos, acertar um bom negócio e se tornar um empresário de sucesso, gerando empregos e divisas em sua cidade e região.

Com razão, uma pessoa na terceira idade, ao olhar para seus filhos e perceber que se transformaram em bons cidadãos e pais exemplares, certamente dirá: compus, sim, uma Asa Branca em minha vida.

Outros dirão que não deixaram, como herança aos seus filhos, vultosas somas em dinheiro, bens imóveis e outras riquezas materiais, mas sim um legado de valor inestimável: diploma e boa educação.

Para muitos, compor Asa Branca é, simplesmente, gozar de boa saúde e ter paz. Experimente perdê-las e tudo terá gosto amargo, nada terá mais sentido e o sofrimento tomará conta do seu cotidiano.

Seja qual for a situação, e aí, meu caro leitor ou leitora! Já compôs a sua Asa Branca em sua vida? Ou se preferir: já compôs a sua Romaria?

 

Carlos Eduardo Maia de Oliveira é Biólogo, Cirurgião-Dentista, Mestre em Microbiologia, Doutor em Geologia Regional, Professor EBTT no Instituto Federal de São Paulo – Campus Votuporanga
edumaiaoli@yahoo.com.br

 

 

 

 

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