Sempre há o que melhorar!
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10 de janeiro de 2019Sobre Meninos, Meninas e o ministro
Os vilipêndios à Filosofia não me são novidade. Cada dia escuto, leio, uma sandice nova
Sem entrar na “reforma” do ensino, sem citar o tal Olavo de Carvalho – esse um idiota de grande monta -, li, no Uol, a declaração de Ernesto Araújo, novo ministro da equipe do “eleito”.
Ao apresentar a propositura das ações em termos de política externa, cita o filósofo austríaco, naturalizado inglês, Wittgeistein. Curioso, faz de forma errada, demonstra desconhecer por completo sua obra. Faz menção a uma passagem de “Tratactus Logico-Philosophicus”, um divisor de águas na Filosofia.
A título de esclarecimento: Wittgeistein redigiu a obra com o intuito de estudar e compreender a linguagem. Sua imprecisão, consequentemente, a enorme dificuldade de entendimento entre os seres humanos
O livro é dividido em sete grandes premissas: a primeira diz: “O mundo é tudo o que ocorre”.
Podemos interpretar essa assertiva como: a realidade é subjetiva, individual, específica de cada um e vice-versa. Resumindo: nossa comunicação – em qualquer linguagem – é falha e imprecisa. Sempre haverá um hiato, uma pausa entre duas palavras. O homem é ser incomunicável. Pode ser uma premissa aceitável
Em tempo: essa discussão se dá no terreno da lógica, da linguagem, ou melhor, da Filosofia da Linguagem.
O novo ministro parafraseou o filósofo: “ O mundo tal qual o encontramos”. Quando Wittgeistein diz: “ O sujeito que pensa e tem ideias, simplesmente não existe”.
Fez disso uma justificativa para jogar o filósofo no balaio ideológico dos “comunistas” Marx, Paulo Freire, Lula, inimigos da paz, do desenvolvimento, da justiça, da ordem e do progresso.
Mais um esclarecimento: não há registros de nenhum posicionamento político-ideológico de Wittgeistein. Posso assegurar: não era marxista, nem conhecia o Maduro. Talvez seja exagero dizer: passava ao largo de discussões políticas e ideológicas. Suas preocupações eram lógicas, científicas e epistemológicas
O filósofo doou sua fortuna para um fundo de apoio aos poetas – criado por ele -, a fim de tornar-se um jardineiro num mosteiro zen-budista.
Queria entender e explicar a linguagem; apontar-lhe uma solução.
Teve dignidade e coragem intelectual: ao perceber imprecisões em ‘Tratactus’, publicou ‘Investigações filosóficas’, com a qual se retrata. Em tempo: a última premissa do Tratactus diz: ‘Aquilo que não se pode falar, deve-se calar’. Uma lição de ética!