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O democratismo da Educação. O ensino universal

Zé Renato é professor de Filosofia da UniJales

O colombiano, ministro da educação brasileira, produziu mais uma pérola: se não bastasse os “cidadões” de seu preboste, encarregado do ENEN – agora sem ideologia (?????), disse: “As Universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual” (?????).

Disse ainda que:

…. ‘Qual o sentido de alguém estudar Direito por seis anos – o curso dura cinco -, para trabalhar como motorista de Uber?’  No seu entender (?), essa vaga deveria ser destinada para alguém mais preparado, o qual, seguiria na carreira de advogado. Diz ainda que o retorno financeiro dos cursos técnicos é maior.

Aproveitou para criticar a “ideologia de gênero”: “ As escolas ensinam menino a beijar menino e menina a beijar menina”.

É um entusiasta do modelo escolar “cívico-militar” (?), segundo o colombiano, “É economicamente viável”.

Defende o “enxugamento do FIES”, iniciado pelo vampiro Temer.

O que dizer?

Sou professor há mais de trinta e quatro anos. Trabalhei na educação básica – ensino fundamental e médio, regular e suplência; atualmente leciono no ensino superior. Logo, tenho alguma vivência em sala de aula. Nunca vi ou soube que um professor ou professora, parasse a aula, para difundir o ósculo entre seres do mesmo sexo. Não tem tempo para isso!

Qual é o problema de pessoas do mesmo sexo se beijarem?

É mais grave que corrupção? É mais grave que usar o dinheiro público em benefício próprio? É mais grave que manter funcionários fantasmas? É mais grave que incitar o ódio e a violência?

Além disso, a escolha profissional é um direito sagrado de qualquer um. Todos temos o direito natural de optarmos por nossa ocupação, com a qual pretendemos garantir nosso sustento. Mais: se a profissão para a qual nos preparamos, torna-se inviável financeiramente, ou não houver oferta adequada de vagas, precisamos sobreviver. Nem todos podem eleger-se deputados. É necessário encontrar alternativas. Uma delas é o Uber. Todavia, isso não pode ser impeditivo de escolher e estudar num curso superior.

Se tratarmos a questão mais a fundo, o problema não é se tornar motorista de Uber, parte dele, é pensar: por que não há emprego para advogados? Ou melhor, por que não há empregos? Talvez seja: Por que somente uma “elite intelectual” pode estudar e ser advogado?

Quem é essa “elite intelectual”?

De onde vem? Onde estudou? Qual sua etnia?  Qual seu gênero? Qual sua origem socioeconômica? Veio de escola pública?

Onde quero chegar?

Explico: quando se fala em elite, pressupõe-se uma pequena e privilegiada parcela da sociedade. O extrato mais abastado, o topo da pirâmide. Somente alguns poucos. Em resumo: no entender do colombiano, a educação superior, a universidade pública, deve ficar restrita à elite econômica. Recordo-me das ‘almas de ouro’ de Platão.

Exclusão, elitização, segregação, são as palavras de ordem.

Voltamos ao século XIX, no mínimo: pobre deve, no máximo, aprender a ler e a escrever, rudimentarmente, a fim de se tornar um técnico, barato, para continuar a servir a elite.

“Cada macaco no seu galho”.

“Menina veste rosa, menino veste azul”.

“Rico é rico, pobre é pobre”.

A universalização do saber deve se manter, modernamente, como na idade média, para alguns poucos “eleitos”.

Para o pobre foi concedida a graça da servidão.

 

Zé Renato é professor de Filosofia da UniJales
[email protected]

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