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30 de outubro de 2018Mais um “Salvador da Pátria”
Caso a onda da virada petista não seja forte, o bastante, para reverter o quadro eleitoral que indica a vitória de Jair Bolsonaro, no próximo domingo, dia 28, estaremos próximos de encerrar a ordem democrática iniciada na Constituição de 1988. Um período de grandes mazelas, mas de ampla liberdade civil, de livres expressões culturais e liberdade de imprensa.
O que estamos prestes a vivenciar é o encerramento de um ciclo democrático de 30 anos. Uma parcela predominante dos eleitores brasileiros está se expressando nas urnas, dizendo que não acredita que a democracia irá oferecer-lhes uma vida melhor, assim apostam suas fichas em um tacão militaresco e, saudosistas, afirmam que no tempo da ditadura não existia corrupção.
Porém, esta é uma sensação artificial e que não condiz com a realidade dos fatos, pois muitos não se lembram mais de escândalos do período militar como foi o Escândalo Coroa Brastel, ocorrido na primeira metade dos anos 80, em que os ex-ministros do Governo militar do general Figueiredo (1979-1985) desviaram recursos governamentais na forma de empréstimo na Caixa Econômica Federal.
Muitos não se lembram mais de escândalos do período militar como foi o Escândalo Coroa Brastel, ocorrido na primeira metade dos anos 80
A crença em um salvador da pátria não é nova, nem original. O primeiro caso remonta ao início dos anos 60 com a vitória meteórica de Jânio Quadros que prometia varrer a corrupção e elegeu a vassourinha como símbolo de campanha. Seu governo durou sete meses e iniciou uma crise política que culminaria com o Golpe Civil Militar de 1964.
O caso mais recente e que puxa a nossa lembrança foi a eleição de Fernando Collor em 1989. Um suposto líder moral, capaz de acabar com a corrupção e os “marajás” do funcionalismo público. Neste período os brasileiros terminaram com suas poupanças confiscadas e um cenário de crise econômica e política que levou o país à hiperinflação, ao final renunciou por escândalos de corrupção.
Em 2018, este já conhecido personagem político, o “salvador da pátria”, volta a rondar a política brasileira: Jair Bolsonaro, que pode ser eleito com a promessa de acabar com a corrupção e com os corruptos. Ele é, erroneamente, considerado um político que está fora dos “esquemas” de Brasília, o “novo” que, na verdade é velho, pois está há quase trinta anos do parlamento. O fenômeno dos “salvadores da pátria” indica que o conceito de cidadania é pouco incorporado na vida brasileira, mesmo após trinta anos da promulgação da Constituição Cidadã de 1988.
Jair Bolsonaro aposta na promessa de acabar com a corrupção e com os corruptos: é, erroneamente, considerado um político que está fora dos esquemas de Brasília, o novo que, na verdade é velho, pois está há quase trinta anos do parlamento
Por outro lado, três décadas é pouco tempo para a História do Brasil, pois fomos mais de 300 anos (1530-1822), colonos. Por mais de 60 anos (1822-1889), súditos, vivemos 35 anos de voto de cabresto (1895-1930), passamos por duas ditaduras, a do Estado Novo (1937-1945) e a Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Hoje, quando falamos em cidadania, não estamos falando de todos os brasileiros. A cidadania plena é reservada à elite brasileira, o restante se resume aos indivíduos que possuem cidadania relativa e os não-cidadãos, que ocupam as periferias brasileiras.
Hoje, quando falamos em cidadania, não estamos falando de todos os brasileiros. A cidadania plena é reservada à elite brasileira
É possível que estejamos perdendo o rumo, deixando de lado a busca pela cidadania plena e, equivocadamente, terceirizando politicamente a nossa tarefa, assim, entrando em mais uma zona abissal que custará várias gerações até ser superada e não demorarão a dizer: “éramos felizes e não sabíamos”.
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Pesquisa na web: Escândalo Coroa Brastel