Balanço Final: é possível desejar feliz 2019?
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A impoluta empresa jornalística britânica publicou uma lista com aqueles que julga serem os cem maiores filmes da história do cinema.
Sabemos, de antemão, que qualquer escolha é subjetiva, passível de “injustiças”, aos olhos de outros. O número talvez não seja suficiente para incluir todas as obras fundamentais
Buñuel, Antonioni, Felini, Bergman, Ozu, Kurosawa, Fassbinder, Truffault, Godard, estão nela.
Pergunto: e Chaplin, Hawks, Coppola, os irmãos Taviani, Tarantino, Herzog, Sganzerla, Manuel de Oliveira, Chabrol, Germi, Visconti, Pabst, Murnau, Ophülus, Preminger, Kubrick?
É o que estou a dizer.
Todavia, não é sobre esse tema que estou a escrever. Pauto-me apenas numa escolha: um dos cem filmes indicados é “Cidade De Deus”! Já o vi mais de cem vezes. Não me canso
Cada observação é um aprendizado. Cinema em sua pura significação. Planos e sequências maravilhosos. Luz perfeita. Roteiro impecável.
A sequência de Buscapé entre o bando do Zé Pequeno e Sandro Cenoura, na qual Meireles faz um travelling em trezentos e sessenta graus, é uma aula de cinema. Precedida da sequência da galinha, perseguida pela câmera, ou seja, ela é a própria câmera. A morte do Cabeleira, no momento em que cai, o plano se abre, faz-se uma panorâmica aérea, com o Mestre Cartola cantando em off: …Deixe-me ir, preciso andar… ARREBATADOR! Uma das mais belas cenas do cinema, em minha opinião. SUBLIME!
A película não perde o ritmo. Não faz concessões. Não tem bandido e mocinho. Não se trata do bem contra o mal. É o “humano, demasiado humano”. “Enterrado até a lama da condição humana e da humanidade”.
Não há “teogonia”, não é utopia, nem distopia, é a “vida como ela é”. Não tem final feliz.
Melhor ou pior: é importante assistir ao documentário “Cidade de Deus, Dez anos depois”. A vida imitou impiedosamente a arte. Dá mais vida e legitimidade ao filme.
Portanto, a lista deve ser: Cidade de Deus, mais noventa e nove