R$ 170 mil em mais de 30 depósitos; diretores disseram “ter que cagar” R$ 50 mil para que Gimenes “não largasse tudo”
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Os depósitos efetuados em favor de Gilmar Gimenes teriam suas razões, evidentemente.
De acordo com apuração do Revoluir, Gilmar Gimenes é apontado como “intermediador” de potenciais contratos entre a OSS de Andradina e empresas, algumas registradas em nome de “laranjas”, que prestam serviço para unidades médicas ligadas à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e até mesmo ao Ministério da Saúde, em Brasília. Outra linha de investigação aponta fraudes em licitações.
Devido a sua “influência política”, o ex-deputado tucano receberia parte de verbas públicas desviadas via OSS de Andradina.
Uma licitação que está sendo devidamente apurada é a que apontou a OSS de Andradina como vencedora do certame realizado pela Secretaria Estadual da Saúde para o gerenciamento do Centro de Reabilitação Lucy Montoro e AME de Fernandópolis.
Vale lembrar que a OSS de Andradina administra outras unidades do AME e Lucy Montoro além de Fernandópolis, e que chegou à cidade através de forte influência e efetiva atuação de Gimenes junto ao governo estadual.
VÍNCULO POLÍTICO: PRESSÃO EM QUEM SE COLOCAR NO CAMINHO
A vinculação dos membros da OSS de Andradina com grupos políticos, com destaque a Gimenes, como vem sendo observado nas investigações que tramitam na Delegacia Seccional de Fernandópolis, era usada para “confrontar membros do Conselho Administrativo da Santa Casa” e “pressionar pessoas”.
CARGOS PARA FAMILIARES COM SALÁRIOS DE R$ 16 MIL
“Gostaria de saber, e já estou buscando informações sobre isso: por que a sobrinha de Gimenes e a esposa do Zanqui eram gerentes do AME de Fernandópolis? E com altos salários, na casa dos R$ 16 mil”, confrontou o vereador Murilo Jacob, autor das primeiras denúncias que originaram a abertura de todo o processo investigatório que culminou nas Operações Assepsia e Hígia.
Os salários das gerentes do AME seriam da ordem de R$ 16 mil, sem concurso público.
CAVEIRA
Gilmar Gimenes teria aconselhado um amigo próximo ao vereador Murilo Jacob a “conversar com ele (Murilo) na linha que haviam combinado”. Gimenes teria dito ainda: “O Murilo está procurando a caveira dele”.
Todas essas informações estariam em áudios de telefonemas grampeados durante as investigações. Até o momento, Revoluir não teve acesso aos áudios, nem a suas transcrições, pois as investigações ainda correm em segredo de justiça.
FIQUE LIGADO
O que é tráfico de influência? E por que isso é crime?
(Por Janguiê Diniz, Mestre e Doutor em Direito – Reitor da UNAMA – Universidade da Amazonia, e Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional)
O artigo 332 do Código Penal classifica tráfico de influência como “solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função”. Fica fácil entender se ligarmos a palavra ao seu crime mais comum: o tráfico de drogas.
Basicamente, o tráfico de drogas consiste na produção e revenda de um serviço ou produto ilícito para uma outra pessoa, que tem os meios e o dinheiro para consumi-lo. Como resultado, temos uma troca entre a pessoa que está vendendo o produto e a pessoa que pode precisar dele. Já o tráfico de influências acontece quando um sujeito, que tem um certo poder ou autoridade dentro do governo, recebe dinheiro para influir em decisões que favoreçam a quem paga.
A pena prevista para quem comete o crime de tráfico de influência é de prisão, de 2 a 5 anos, além de pagamento de multa. Pode haver, também, o aumento da pena caso o autor do crime alegue que a vantagem era não só para a sua empresa, mas também destinada ao funcionário público – o que é mais conhecido para nós pelo nome de pagamento de propina.
Outro ponto que é preciso esclarecer é que o lobby é diferente do tráfico de influência. Aqueles que fazem lobby procuram influenciar e convencer os dirigentes políticos sobre diversos assuntos, agindo em eventos, reuniões, etc, sem exigências ou trocas de benefícios. Nos Estados Unidos, por exemplo, o lobby, é uma atividade regulada e comum no Congresso Nacional. Apesar de não estar regulamentado, no Brasil o lobby não é proibido e, portanto, não é crime. São mais de 2 mil profissionais do lobby no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig), que representa o setor.