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A caminho da UFG: percussionista Rubens Lopes faz apresentação na OSFER

Rubens está em Goiânia, onde presta prova para vaga de professor de música na UFG - Universidade Federal de Goiás

 

Rubens Celso Lopes Filho compartilhou seu talento musical com um público seleto, convidado pelo próprio músico, na manhã desta segunda-feira (12), na sede da OSFER – Orquestra de Sopros de Fernandópolis, local onde, há alguns anos, comparece diariamente, mantendo um ritmo intenso de ensaios, aulas e muito treinamento em diversos instrumentos de percussão.

Foram duas obras compostas para caixa-clara, uma para tons (tom-tom), uma para tímpanos e uma para vibrafone.

Rubens apresentou cada uma as obras de seu recital, dando detalhes sobre os instrumentos de percussão que tocaria

Em seguida, “Rubão” anunciou uma grande oportunidade que surgiu em sua carreira profissional: prestará um concurso para professor na Universidade Federal de Goiás. Nesta sexta, dia 16, pela manhã, fez sua apresentação em Goiânia, tocando diante de uma banca.

Já no sábado, dia 17, ministrará uma aula, também sob avaliação do departamento de música da Federal de Goiás, aguardando o resultado final ainda neste fim de semana.

 

MOÇÃO DE PLAUSOS

Após seu recital, na segunda-feira, Rubens Lopes recebeu uma honraria concedida pela Câmara Municipal de Fernandópolis, lá mesmo na OSFER.

O vereador JP, o João Pedro da Caixa (PTB), foi o autor da Moção de Aplausos do Legislativo fernandopolense, homenageando “Rubão” pelas inúmeras apresentações em turnês internacionais junto à orquestra inglesa Philharmonia Orchestra de Londres e também com a GOJJJ – Grande Orquestra de Jean-Jacques Justafré.

Rubens tem em seu currículo diversas apresentações em diferentes países: França, Holanda, Alemanha, Japão, China, Noruega, Escócia, Marrocos, Itália, Inglaterra, Áustria, Bélgica e, mais recentemente, Rússia, onde se apresentou em quase 20 concertos, numa viagem de 40 dias.

“Nossas viagens foram, na maioria, de trem. Fomos também de ônibus, mas de trem é que percorremos as mais longas distância. Pela janela, só gelo, neve e árvore, árvore e neve. Peguei um frio de -27º, vinte e sete graus negativos foi realmente um frio insuportável”.

Vereador João Pedro entregou a Moção de Aplausos para Rubens ao fim do recital

 

CONHEÇA UM POUCO DE SUA TRAJETÓRIA

Com uma incrível carreira musical, “Rubão”, aos 17 anos, foi aprovado na Unesp, onde se especializaria em caixa-clara durante a graduação no curso de  Música (Percussão) no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista, em São Paulo.

Despedia-se, naquela época, para iniciar os estudos na Unesp, da banda fernandopolense ‘Velho de War’. Serginho Kamiyama marcou presença no recital na OSFER para prestigiar o amigo percussionista.

Um fato sempre relembrado, é que para Rubens tocar nos shows com os “velhos de guerra”, principalmente fora da cidade, as autorizações da Vara da Infância e Juventude tinham que ser sempre renovadas para que o garoto, então com apenas 15 anos, pudesse subir ao palco. E ele decolou.

Ao se formar, em 2012, tocava na Orquestra Jovem do Estado, e, através da Bolsa Fapesp, fez sua iniciação científica: “Caixa-clara orquestral: diferentes metodologias no estudo do instrumento”. Com grande destaque em diversas apresentações pela Orquestra Jovem e também no Grupo Piap (Grupo de Percussão do Instituto de Artes da Unesp), principalmente nos Festivais de Inverno de Campos do Jordão e Festivais de Santa Catarina, o “prodígio” das baquetas e percussão mirava novos objetivos. “Eu comecei a estudar francês. Precisava me aperfeiçoar em um novo idioma, e um professor, Florent Jodelet, um grande amigo francês que conheci em Campos do Jordão, sempre me falava para tentar uma bolsa de mestrado lá na França. Ele me orientou e fui atrás deste sonho”.

 

NA HORA CERTA

Como bom brasileiro, um verdadeiro ‘guerreiro’ da música erudita, as condições financeiras não colaboravam com Rubão. Uma mudança para a Europa, sem grana, parecia impossível.

“Mesmo tendo que estudar muito, e sempre estudei muito – a música exige treino, repetição, mais treino, repetição, concentração -, também gosto de Filosofia. Nietzsche (filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche) e Schopenhauer (também filósofo alemão, Arthur Schopenhauer), são alguns dos meus preferidos. Isso me deu uma base muito boa para encarar as complexidades da vida”, ressalta.

E o que é o destino: Rubens venceria a 1ª edição do prêmio Ernani de Almeida Machado, justamente no ano de 2012. Qual foi o prêmio? R$ 60 mil.

“Com aquela premiação pude pagar meu curso de francês com tranquilidade, até adiantei alguns módulos para concluí-lo em menos tempo. E ainda fiquei com uma reserva considerável para encarar minha ida à França, viver e me manter em outro país”.

Foi o maior prêmio concedido a uma orquestra jovem, o qual deveria ser utilizado para aperfeiçoamento do bolsista premiado, durante cinco anos, em uma instituição de ensino no exterior. Qual? O Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris – Conservatoire National Supérieur de Musique et de Danse de Paris. Mas ainda teria que enfrentar o concurso para garantir a bolsa de estudo oferecida pelo ‘Conservatoire’. Sua despedida da Unesp, e do Brasil, foi numa apresentação com a Orquestra Jovem em um festival na Alemanha.

 

SISTEMA DE ‘GUERRA’

Sua performance “afinadíssima”, além da premiação no Ernani, já havia lhe garantido vaga na final de um outro prêmio, concedido pela Revista Concerto. Para conseguir entrar no mestrado na França, Rubens foi avaliado através de uma prova escrita e por um corpo de professores-jurados, após 30 minutos de prática, tocando música contemporânea e um solo instrumental.

“Era mais comum eles aprovarem alunos que haviam concluído o bacharelado no próprio conservatório. É muito difícil um músico do Brasil conseguir uma vaga lá. Fui o primeiro brasileiro aprovado em percussão para o mestrado. Recentemente, além de mim, acho que só dois pianistas e um flautista do Brasil”, pontua.

Os primeiros registros de músicos brasileiros na instituição de nível superior da França datam do início do século XX. Em percussão, Rubens é pioneiro. Ao todo, concorriam ao mestrado parisiense, para um período de dois anos de estudos, cerca de 50 candidatos, isso na segunda fase. De lá para cá, ele já cursou três mestrados, em tempo recorde.

O primeiro em Percussão, o segundo, Improvisação Generativa (livre), focando padrões da música contemporânea, música clássica e jazz, e o terceiro em Música para Orquestra. Vale ressaltar que os mestrados no Conservatório de Paris são bancados pela própria instituição.

Para se manter em Paris, o percussionista vem colecionando apresentações enriquecedoras, entre elas, com a Grande Orquestra de Jean-Jacques Justafré, músico e maestro que “herdou” o comando da orquestra do memorável Paul Mauriat.

“Para me manter em condições de tocar em alto nível, o período de estudo chega a 13 horas por dia. Além do treinamento, assim que termino de estudar, coloco os fones de ouvido para memorizar as músicas. Ou seja, até quando estou na cozinha fico ouvindo as músicas, concentrado no que tenho que tocar, é muito intenso.

Já tocou com as grandes orquestras da França, Orquestra de Paris, Orquestra Nacional, Orchestre Pays de la Loire. Com o Ensemble Intercontemporain, um dos maiores grupos de música contemporânea do mundo. Também com o New York City Ballet, no teatro Chatele. Conseguiu durante esse tempo vários contratos para apresentações com diversos grupos, até com uma Brass Band.

 

COM TOQUINHO

Um músico brasileiro em alta na Europa chama a atenção de grandes músicos do Brasil que excursionam pelo velho mundo. Foi assim com Toquinho.

“O Toquinho é um cara espetacular, ele não larga o violão. Fica o tempo todo tocando, até enquanto a gente tira um tempinho para conversar, no camarim. Teve um dia que ele ficou conversando com a gente, vários músicos, e não parava de tocar, sempre compondo algo novo, relembrando alguma música mais antiga. Chegou na hora do show, ele nem teve tempo para tomar banho e se arrumar direito. Ele simplesmente não larga o violão”, confidencia Rubens.

Outra passagem que tem guardada na memória foi quando acompanhou Toquinho em um show num antigo teatro em Paris.

“Aquele teatro mais parecia um museu, muito antigo. O calor lá dentro impressionava. Mas eu me lembro que o Toquinho, assim que chegamos lá, parou em frente ao teatro, ficou pensativo, e disse: ‘conheço esse lugar, foi aqui que tocamos pela primeira vez na França, eu, o Vinícius e a Miúcha, quando fizemos nossa turnê’. Eles tocavam muito na Itália, mas ele se lembrou do Théâtre du Ranelagh, em um bairro muito conhecido de Paris. Também toquei, ainda ao lado de Toquinho, com a violoncelista Ophelie Gaillard. Gravei um CD com eles, uma honra, fizemos um super trabalho”.

 

LUC BESSON

E Rubens Lopes figura entre os músicos que participaram das gravações da trilha sonora de uma das mais recentes produções do visionário diretor de cinema Luc Besson, consagrado em películas como Subway (Metrô), Lucy, e ‘O Quinto Elemento’. 

Trata-se do filme ‘Valerian e a Cidade dos Mil Planetas’, uma produção 100% francesa com o investimento mais caro da história do cinema francês. Dane DeHaan, Cara Delevingne, Clive Owen, Rihanna, Ethan Hawke, Kris Wu, Alain Chabat e Herbie Hancock compõem o elenco.

É um filme baseado em quadrinhos futuristas do século 28, criados em 1967 por Pierre Christin e Jean-Claude Mezieres, que já influenciaram Star Wars e também O Quinto Elemento. Em 2740, Valérian e Laureline são dois agentes espaço-temporais. A bordo de sua nave Intruder, a dupla cruza o espaço e o tempo para realizar as missões que lhes são confiadas pelo Governo dos Territórios Humanos. Não perca o filme, ‘Rubão’, com sua música, está nele.

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