‘Estadão’ volta atrás em matéria sobre ‘prisão de hackers’ da “Lava Jato Gate”
23 de julho de 2019EXCLUSIVO: Possíveis prisões e prejuízo de R$ 1,2 milhão com “perdão” de dívida e erros médicos
25 de julho de 2019EXCLUSIVO: Primeiras revelações da “Caixa-Preta” da Santa Casa apontam dívida de R$ 52 mi e miram ‘verbas carimbadas’
Sim. Finalmente a “Caixa-Preta” da Santa Casa foi aberta. A operação “Assepsia”, deflagrada no último dia 16 pela Delegacia Seccional de Polícia de Fernandópolis, com apoio do GOE – Grupo de Operações Especiais, começa a revelar fatos que poderão esclarecer a evolução das dívidas do maior hospital da cidade e um dos mais importantes de toda a região.
Nesta quarta-feira (24), Revoluir entrevistou, com exclusividade, o delegado seccional Dr. Ailton Canato, que comanda as investigações da “Assepsia”.
“Primeiramente, temos que deixar claro que não existe um alvo a ser investigado individualmente. Não existe A, B, C ou D sob investigação. Nosso foco é a evolução do endividamento da Santa Casa”, disse Canato.
Se houve fraudes, somente com o decorrer da operação para comprovar, salienta o delegado seccional. Está sendo apurado se alguém se favoreceu, se favoreceu alguma pessoa com desvios ilícitos de valores em determinados contratos, negociações, ou mesmo no exercício de algum cargo dentro da Santa Casa.
A partir das primeiras ações de busca e apreensão realizadas no âmbito da operação “Assepsia”, o alcance das investigações relacionadas à Santa Casa, Unimed e IACor – Instituto Avançado do Coração, ganha contornos cada vez mais diversificados, ampliando seus possíveis resultados.
“Temos mais de 200 GB de documentos para analisar. Estamos finalizando o inventário da apreensão, foram dois carregamentos de camionete que apreendemos nos três locais de busca, e ainda solicitaremos algumas perícias, portanto, muito ainda será investigado”, disse Canato.
EVOLUÇÃO DAS DÍVIDAS
A “Assepsia” busca esclarecer como essa dívida aumentou de R$ 2.168.565,81 no ano de 1999 para o total de R$ 52 milhões em 2019.
“O último endividamento da Santa Casa chega a R$ 12 milhões em empréstimos, fazendo o total devido passar dos R$ 52 milhões”, confirmou Dr. Ailton Canato.
Relembre os provedores da Santa Casa desde 1948
1948/1949 Apolinário de Matos
1949/1952 Waltrudes Baraldi
1952/1957 Adhemar M. Pacheco
1957/1959 Américo Messias dos Santos
1959/1959 Edson Rolim
1959/1959 Luiz Carlos Ramos
1959/1961 Adhemar M. Pacheco
1961/1974 Theodósio D. Semeghini
1974/1976 Moacyr Ribeiro
1976/1978 Theodósio D. Semeghini
1978/1980 Waldomiro Renesto
1980/1982 Moacyr Ribeiro
1982/1986 Paulo Fantini
1986/1990 Nagib Aidar
1990/1990 Waldemar Pereira do Nascimento
1990/1998 Pedro Pezzatti
1998/2002 Antonio José Zaparoli
2002/2002 Jurandyr Pessutto
2002/2004 Pedro Pezzatti
2004/2007 Antonio José Zaparoli
PERÍODO SOB INVESTIGAÇÃO COMEÇA EM 2007:
CONFIRA A EVOLUÇÃO DAS DÍVIDAS
2007/2009 José Sequini Júnior
2007 – R$ 8.185.866,00
2008 – R$ 9.838.575,00
2009 – R$ 10.328.739,00
2010/2011 Diomar Pedro Durval
2010 – R$ 11.786.159,00
2011 – R$ 12.687.193,00
2012/2014 Geraldo Silva de Carvalho
2012 – R$ 14.526.379,00
2013 – R$ 19.729.805,00
2014 – R$ 23.097.604,00
2015/2016 Sandra Regina de Godoy
2015 – R$ 25.329.154,00
2016 – R$ 29.670.613,00
*Entre os anos de 2016 e 2017, após a saída de Sandra Regina de Godoy, Flávio Carlos Ruy Ferreira, atual secretário municipal da Saúde de Fernandópolis, e Edilberto Sartin figuraram como provedores ‘pro tempore’ (temporariamente)
2017/2019 Fernando Cordeiro Zanqui (OSS de Andradina)
2017 – R$ 40.603.064,00
2018/2019 – R$ 52.600.000,00
O que já é investigado:
– contratos de vendas de imóveis pertencentes à Santa Casa, muitos deles oriundos de doações ao hospital;
– algumas dessas vendas datam da época em que José Sequini Júnior era o provedor, entre os anos de 2007 e 2009, e passarão por um verdadeiro “pente-fino”
– é investigado se algumas dessas vendas foram realizadas em desacordo com o Estatuto da Irmandade;
– Déficit do setor de Hemodiálise passará por processo investigatório e análise contábil: R$ 200 mil em dívidas;
– Verbas carimbadas “não teriam sido aplicadas no hospital” nas gestões de Ana Bim e Luiz Vilar no comando da Prefeitura. Esses repasses, tanto federais quanto estaduais, estão sendo checados pela operação “Assepsia”;
– Um verdadeiro dossiê deve chegar à Seccional de Polícia nos próximos dias, contendo diversas fraudes e desvios de recursos dentro da Santa Casa, inclusive por funcionários que supostamente continuam exercendo suas funções, ou permaneceram durante muito tempo mesmo após serem flagrados, entre eles, haveria “réus confessos” que não foram denunciados.
LEIA TAMBÉM
EXCLUSIVO: Possíveis prisões e prejuízo de R$ 1,2 milhão com “perdão” de dívida e erros médicos
EXCLUSIVO: Possíveis prisões e prejuízo de R$ 1,2 milhão com “perdão” de dívida e erros médicos
EXCLUSIVO: Entrevista de jornalista do Revoluir é peça-chave para provar “gestão compartilhada”
EXCLUSIVO: Entrevista de jornalista do Revoluir é peça-chave para provar “gestão compartilhada”