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EXCLUSIVO: Primeiras revelações da “Caixa-Preta” da Santa Casa apontam dívida de R$ 52 mi e miram ‘verbas carimbadas’

Operação Assepsia foi deflagrada no último dia 16 pela Seccional de Polícia de Fernandópolis com apoio de agentes do GOE

Sim. Finalmente a “Caixa-Preta” da Santa Casa foi aberta. A operação “Assepsia”, deflagrada no último dia 16 pela Delegacia Seccional de Polícia de Fernandópolis, com apoio do GOE – Grupo de Operações Especiais, começa a revelar fatos que poderão esclarecer a evolução das dívidas do maior hospital da cidade e um dos mais importantes de toda a região.

Nesta quarta-feira (24), Revoluir entrevistou, com exclusividade, o delegado seccional Dr. Ailton Canato, que comanda as investigações da “Assepsia”.

“Primeiramente, temos que deixar claro que não existe um alvo a ser investigado individualmente. Não existe A, B, C ou D sob investigação. Nosso foco é a evolução do endividamento da Santa Casa”, disse Canato.

Dr. Ailton Canato ao deixar a Santa Casa para se dirigir à Unimed, no último dia 16

Se houve fraudes, somente com o decorrer da operação para comprovar, salienta o delegado seccional. Está sendo apurado se alguém se favoreceu, se favoreceu alguma pessoa com desvios ilícitos de valores em determinados contratos, negociações, ou mesmo no exercício de algum cargo dentro da Santa Casa.

A partir das primeiras ações de busca e apreensão realizadas no âmbito da operação “Assepsia”, o alcance das investigações relacionadas à Santa Casa, Unimed e IACor – Instituto Avançado do Coração, ganha contornos cada vez mais diversificados, ampliando seus possíveis resultados.

“Temos mais de 200 GB de documentos para analisar. Estamos finalizando o inventário da apreensão, foram dois carregamentos de camionete que apreendemos nos três locais de busca, e ainda solicitaremos algumas perícias, portanto, muito ainda será investigado”, disse Canato.

 

EVOLUÇÃO DAS DÍVIDAS

A “Assepsia” busca esclarecer como essa dívida aumentou de R$ 2.168.565,81 no ano de 1999 para o total de R$ 52 milhões em 2019.

“O último endividamento da Santa Casa chega a R$ 12 milhões em empréstimos, fazendo o total devido passar dos R$ 52 milhões”, confirmou Dr. Ailton Canato.

 

Relembre os provedores da Santa Casa desde 1948

1948/1949       Apolinário de Matos

1949/1952       Waltrudes Baraldi

1952/1957       Adhemar M. Pacheco

1957/1959       Américo Messias dos Santos

1959/1959       Edson Rolim

1959/1959       Luiz Carlos Ramos

1959/1961       Adhemar M. Pacheco

1961/1974       Theodósio D. Semeghini

1974/1976       Moacyr Ribeiro

1976/1978       Theodósio D. Semeghini

1978/1980       Waldomiro Renesto

1980/1982       Moacyr Ribeiro

1982/1986       Paulo Fantini

1986/1990       Nagib Aidar

1990/1990       Waldemar Pereira do Nascimento

1990/1998       Pedro Pezzatti

1998/2002       Antonio José Zaparoli

2002/2002       Jurandyr Pessutto

2002/2004       Pedro Pezzatti

2004/2007       Antonio José Zaparoli

 

PERÍODO SOB INVESTIGAÇÃO COMEÇA EM 2007:
CONFIRA A EVOLUÇÃO DAS DÍVIDAS

2007/2009       José Sequini Júnior

2007 – R$ 8.185.866,00

2008 – R$ 9.838.575,00

2009 – R$ 10.328.739,00

2010/2011       Diomar Pedro Durval

2010 – R$ 11.786.159,00

2011 – R$ 12.687.193,00

2012/2014       Geraldo Silva de Carvalho

2012 – R$ 14.526.379,00

2013 – R$ 19.729.805,00

2014 – R$ 23.097.604,00

2015/2016       Sandra Regina de Godoy

2015 – R$ 25.329.154,00

2016 – R$ 29.670.613,00

*Entre os anos de 2016 e 2017, após a saída de Sandra Regina de Godoy, Flávio Carlos Ruy Ferreira, atual secretário municipal da Saúde de Fernandópolis, e Edilberto Sartin figuraram como provedores ‘pro tempore’ (temporariamente)

2017/2019      Fernando Cordeiro Zanqui (OSS de Andradina)

2017 – R$ 40.603.064,00

2018/2019 – R$ 52.600.000,00

 

O que já é investigado:

– contratos de vendas de imóveis pertencentes à Santa Casa, muitos deles oriundos de doações ao hospital;

– algumas dessas vendas datam da época em que José Sequini Júnior era o provedor, entre os anos de 2007 e 2009, e passarão por um verdadeiro “pente-fino”

– é investigado se algumas dessas vendas foram realizadas em desacordo com o Estatuto da Irmandade;

– Déficit do setor de Hemodiálise passará por processo investigatório e análise contábil: R$ 200 mil em dívidas;

– Verbas carimbadas “não teriam sido aplicadas no hospital” nas gestões de Ana Bim e Luiz Vilar no comando da Prefeitura. Esses repasses, tanto federais quanto estaduais, estão sendo checados pela operação “Assepsia”;

– Um verdadeiro dossiê deve chegar à Seccional de Polícia nos próximos dias, contendo diversas fraudes e desvios de recursos dentro da Santa Casa, inclusive por funcionários que supostamente continuam exercendo suas funções, ou permaneceram durante muito tempo mesmo após serem flagrados, entre eles, haveria “réus confessos” que não foram denunciados.

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