Que vontade tenho de sair por aí

Que vontade tenho de sair por aí sem destino, sem rumo, levando na bagagem o espírito de aventura, de liberdade, sem programação, sem planejamento, sem pensar no orçamento

Que vontade tenho de sair por aí, conhecer as praias nordestinas, ou talvez as caribenhas, não as badaladas, as desconhecidas, as desertas, aquelas que não precisam de um ângulo perfeito na fotografia para a imagem virar cartão postal.

            Que vontade tenho de, antes de me aventurar em viagens ao exterior, constatar com meus próprios olhos uma joia brasileira de valor inestimável – a presença de vários biomas com paisagens únicas, ricos em vida selvagem e formações geológicas.

Conhecer as vastas planícies alagadas do Pantanal Mato-Grossense e a exuberância de sua fauna e flora. Embrenhar-me na maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, e admirar sua grande biodiversidade. Apreciar a beleza da vegetação característica do Cerrado, suas veredas e cachoeiras que provocam admiração

Que vontade tenho de cavalgar pelas planícies verdejantes dos pampas no sul do país montado em um cavalo crioulo, típico daquela região. Observar as plantas e animais endêmicos da chamada Mata Branca, a Caatinga (exclusiva do Brasil), onde nasceram vários sertanejos fortes (como se existissem sertanejos que não são fortes). Como deve ser relaxante entrar em contato direto com a natureza percorrendo trilhas das reservas biológicas da Serra do Mar pertencentes àquela que já foi bem maior um dia e, hoje, resta ainda um pouco de sua beleza – a Mata Atlântica.

Que vontade tenho de perambular pelo mundo atendendo um gosto de biólogo. Nos mares da Califórnia, testemunhar a migração das baleias azuis (o maior animal da Terra) e, em suas florestas, ficar à sombra das Sequoias de 100 metros de altura (as árvores mais altas do planeta).

        Percorrer as savanas africanas e avistar aqueles animais carismáticos que toda criança reconhece. Navegar pelo oceano no Ártico das narvais, belugas e ursos polares.

        Que vontade tenho de sair por aí e mergulhar junto à grande barreira de corais com seus 2.200 Km de extensão e 30 Km de largura em alguns trechos nos mares australianos (maior estrutura do mundo produzida por organismos vivos e que pode ser visualizada do espaço).

Que vontade tenho de explorar as Florestas de Monções da Índia – paisagem que inspirou o grande escritor britânico Rudyarg Kipling (Nobel de Literatura em 1907) a retratar Mogli, o menino lobo, e seu inimigo, o tigre manco Shere Khan, na sua obra-prima “O Livro da Selva”.

Que vontade de visitar lugares históricos, daqueles que aprendemos na escola e só conhecemos nos livros. Avistar belas paisagens, daquelas que vimos somente em quadros ou outras gravuras. Visitar os grandes museus ao redor do mundo. Conhecer outros povos e culturas, costumes diferentes e tudo que as tradições populares e o senso artístico humano podem conceber – culinária, bom vinho, música, poesia, teatro e dança

  Que vontade tenho de sair por aí e visitar, de corpo presente, lugares que conheci apenas em sonhos.

        Que vontade tenho de sair por aí.

Carlos Eduardo Maia de Oliveira é Biólogo, Cirurgião-Dentista, Mestre em Microbiologia, Doutor em Geologia Regional, Professor EBTT no Instituto Federal de São Paulo – Campus Votuporanga
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