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The Joker

Zé Renato é professor de Filosofia da UniJales

Não discutirei a atuação de Joaquim Phoenix. Soberba.

Todavia, esperava mais filme. Não é ruim. Houve muito estardalhaço. A trilha sonora, minha opinião, foi insuficiente. Planos bem feitos; boas sequências. Gostei da luz. Opaca, acinzentado

O personagem fugiu do estereótipo. Não é o debochado que costumamos a ver, aquele que permeia nosso imaginário. O riso do Coringa não me pareceu sarcástico, porém, ressentido.
Aqui está, a meu ver, a marca do Coringa: um riso que mais parece um choro. Uma risada amarga e angustiada, cujo traço maior é o ressentimento.
A película percorre seu passado. Triste, deprimente. Tal qual o de muitos anônimos.
Um palhaço que não é capaz de fazer rir; apanha de jovens fascistinhas. É tétrico.
Ao cair uma arma em suas mãos, Coringa sente-se fortalecido. Pense em Freud, revolver, extensão do pênis, masculinidade, por aí vai.
O riso ressentido dá lugar ao ódio. Ódio de quem? Do quê?
Simples, passa a odiar. Exige um amor. Que nunca teve.
Nunca foi notado.

Sua relação com a mãe lembrou-me de Norman Bates, o psicopata, sociopata de Psicose, imortalizado por Hitchcock

Conforme as atrocidades do Coringa aumentam; seu mito cresce.
O final é revelador.
Na hora, me veio os bolsominions, saudando o bozo-mito.
Numa cidade cinza. Sem ideal, nem esperança.
A arte imitou a vida e, vice-versa.
O ressentimento e os ressentidos venceram.

Zé Renato é professor de Filosofia da UniJales
joserenatostb@hotmail.com

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