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Nós que amamos tanto o cinema

Zé Renato é professor de Filosofia da UniJales

O anúncio da morte do cineasta Bernardo Bertolucci soa como mais um eclipse na plêiade de grandes artistas. Sem ele, descemos mais um degrau na degradação dos grandes nomes das artes. Sim, as “substituições” não são justas.

Provavelmente, o último grande nome do cinema italiano, em particular, e, no geral, um dos últimos no mundo

Começou sua carreira como assistente de Pasolini.

Estreou em 1962, dirigindo “A Morte”, cujo roteiro é de Pasolini.

Dois anos depois, viria “Antes da Revolução”.

Em 1970, lançou “O Conformista”, elidido a partir da obra do escritor Alberto Moravia, cuja abordagem é a “normalização” do fascismo. Premiado no festival de Berlin, indicado ao Oscar por roteiro adaptado.

Dois anos depois vem a consagração com “Último Tango em Paris”. Obra belíssima, cercada de polêmicas, censura e prisão. Proibida durante a ditadura, liberada somente pós abertura política no Brasil. Liberada na Itália somente em 1975. Cumprindo circuito somente em 1987.

Último Tango em Paris é uma obra belíssima, cercada de polêmicas, censura e prisão. Proibida durante a ditadura, liberada somente pós abertura política no Brasil

A superprodução “1900”, com Gerard Depardieu e Robert de Niro, de 1976, restitui-lhe o respeito.

Onze anos depois, lança “O Último Imperador”, ganhador de nove Oscars, incluindo direção.

Em 1990 lança “O Céu que nos protege”, baseado na obra do escritor Paul Auster, belo filme.

Três anos depois, apresenta “O Pequeno Buda”.

Volta a Itália, porém com língua inglesa, em 1996, com “Beleza Roubada”, protagonizado por Liv Tyler. Sensível e delicado. Bom filme.

Em 2003 faz as pazes com a crítica e o público, ao nos presentear com “Os Sonhadores”. Retrato sublime do imaginário da França de maio de 68, resgate perfeito da imagerie dos cinéfilos e estudantes daquela época, personificados em um casal de irmãos franceses e um norte-americano, todos apaixonados e devotados ao cinema. Faz belas citações de grandes filmes. Refaz a antológica cena de “Jules e Jim” de Truffaut. Sublime!

Em 2012 apresentou seu último trabalho: o doce “Eu e Você”.

Estava a escrever no roteiro, conforme disse André Ristum, cineasta brasileiro e seu assistente. Todavia, dessa vez a censura foi o câncer.

Descanse em paz, maestro.

 

Zé Renato é professor de Filosofia da UniJales
joserenatostb@hotmail.com

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