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Nobel da Paz de 2018: duas premiações mais do que merecidas

Professor "Cadu" é Biólogo, Cirurgião-Dentista, Mestre em Microbiologia, Doutor em Geologia Regional, Professor EBTT no Instituto Federal de São Paulo - Campus Votuporanga

Posso ver nas faces de muitas mulheres como estão felizes de serem reconhecidas (declaração de Mukwege, que estava realizando uma cirurgia quando soube que tinha ganhado o prêmio)

Denis Mukwege, congolês, 63 anos, médico ginecologista que, juntamente com sua equipe, tratou cerca de 30 mil vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo (África) e, em reconhecimento ao seu trabalho heroico, foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz de 2018 no último dia 10 de dezembro. Ele dividiu esse cobiçadíssimo prêmio com a ativista Nadia Murad.

Durante mais de 20 anos, Mukwege operou, gratuitamente, mulheres e meninas que foram vítimas de violência sexual, especialmente em conflitos bélicos na África Central (essas são as mulheres citadas por ele ao saber da notícia que iria receber o Nobel da Paz). Conhecido como “doutor milagre”, ele é um crítico do abuso de mulheres durante as guerras e classificou o estupro como “uma arma de destruição em massa”

Mukwege montou um hospital com 350 leitos, financiado pelo Unicef (fundo das Nações Unidas para a infância) e outros doadores, uma unidade de atendimento móvel e um sistema de microcrédito para as vítimas reconstruírem suas vidas, segundo reportagem publicada no portal de internet G1.

“Você pode imaginar quando alguém atira nos genitais de uma mulher? É preciso reconstruir a vagina, a bexiga e o reto”, disse o médico durante uma entrevista veiculada na internet. Durante os conflitos bélicos em geral, não somente a violência física é utilizada como arma de guerra contra as mulheres, mas, frequentemente, também a sexual.

No ano de 2012, Mukwege, ao denunciar a omissão do governo congolês com relação a esses abusos, foi vítima de uma tentativa de homicídio – cinco homens armados tentaram assassiná-lo quando estava em casa com suas três filhas. Foi salvo pelo seu segurança, que morreu ao protegê-lo.

Temendo por sua vida, o médico teve que se refugiar na Europa, mas, poucas semanas depois, suas pacientes juntaram dinheiro para comprar sua passagem de volta ao Congo para que ele continuasse o seu importante trabalho junto às congolesas que foram vítimas de estupro

O trabalho desempenhado pelo vencedor do Nobel da Paz de 2018 é reconhecido, internacionalmente, como símbolo de combate à violência sexual contra as mulheres, sobretudo em guerras e conflitos armados.

A iraquiana Nadia Murad, de etnia curda, dividiu o Nobel da Paz de 2018 com o médico congolês. Sua história de sofrimento, sobrevivência e luta por uma causa a fizeram merecedora dessa láurea. Ela conseguiu escapar do domínio do terrível grupo terrorista “Estado Islâmico”, no qual sobreviveu por três meses à escravidão sexual imposta pelos seus fanáticos integrantes.

Em 03 de agosto de 2014, membros do Estado Islâmico invadiram a aldeia de Nadia, no Iraque, mataram quase todos os homens (cerca de 700), incluindo seis dos seus nove irmãos e também a sua mãe. Para piorar a tragédia, capturaram Nadia, que foi vendida como escrava sexual

Aquele grupo terrorista, baseado no fanatismo religioso, considera os yazidi (comunidade da aldeia de Nadia), infiéis religiosos. Utilizaram esse argumento para justificar tamanha crueldade.

Em reportagem publicada no site BBC Brasil, naquele mês de agosto, 3 mil homens, idosos, crianças e deficientes foram massacrados pelo Estado Islâmico, denunciou Nadia

Ela foi vendida como escrava sexual a um homem que a estuprou e a manteve em cárcere privado durante 3 meses. Tentou fugir, foi capturada e, como forma de castigo, foi submetida ao jihad sexual, como os terroristas do Estado Islâmico chamam o estupro coletivo – uma barbaridade sem tamanho.

Após escapar dos terroristas em novembro de 2014, Nadia se tornou ativista e viajou pelo mundo para denunciar as monstruosidades perpetradas pelo Estado Islâmico contra o seu povo, os yazidi. Por conta de seu ativismo, Nadia ganhou importantes prêmios e, em 2016, foi nomeada embaixadora da “Boa Vontade das Nações Unidas (ONU) para a Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico Humano”.

“Espero que ajude a levar justiça às mulheres que sofreram violência sexual”, disse Nadia, ao ser informada que iria ser laureada por um dos prêmios mais nobres que uma pessoa pode receber – o Nobel da Paz.

Duas pessoas, com histórias diferentes, mas ligadas à mesma causa: a denúncia e o combate à agressão sexual de mulheres. Denis Mukwege, o ginecologista, que conhece de perto as consequências terríveis que um estupro ocasiona em uma mulher, e Nadia Murad, a ativista, que sofreu na pele os horrores desse ato tão monstruoso

Denis Mukwege e Nadia Murad são pessoas corajosas que, com seus trabalhos, lutas e histórias reacendem a chama da esperança na humanidade. Duas premiações mais do que merecidas na versão 2018 do Nobel da Paz.

 

OBS: E por falar em Nobel da Paz, desejo um Feliz Natal repleto de paz e harmonia a todos os leitores e leitoras dos meus artigos.

 

Carlos Eduardo Maia de Oliveira é Biólogo, Cirurgião-Dentista, Mestre em Microbiologia, Doutor em Geologia Regional, Professor EBTT no Instituto Federal de São Paulo – Campus Votuporanga
edumaiaoli@yahoo.com.br

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