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Forever Young

Zé Renato é professor de Filosofia da UniJales

Minha paixão pelos Rolling Stones é antiga. Desde 1973 acompanho o grupo. O blues me fez amar ainda mais a banda

Nela, sempre tive admiração maior pelos guitarristas: Brian Jones, Mick Taylor, Ron Wood, são brilhantes. Todavia, nenhum se compara a Keith Richards.

Dono de riffs únicos, o toque inigualável na guitarra, transformou-o numa instituição. Aparentando tocar de forma desleixada, sua levada na guitarra, é absurda. Uma nota executada: pronto, é o velho Keith!

Para muitos, é apenas um maluco, junkie. Bobagem. Grande instrumentista. Enorme conhecedor de música. Estudioso do assunto. Com uma tarefa auto imposta das mais nobres: dignificar e preservar o Blues e seus mestres

Não é gratuito que o nome do grupo deriva de uma composição de Muddy Waters.

Seu avô “Gus” e seu pai “Bertie” são responsáveis pelo amor à música e o gosto de executar um instrumento, no caso, o primeiro foi um violão.

Tornou-se amigo de Mick Jagger – como diz – por interesse: encontravam-se na estação ferroviária de Dartford. Keith namorava os discos que Mick portava: Elmore James, principalmente.

Curioso: os Stones foram alavancados por alguém que nunca foi do grupo, diretamente, Ian Stewart. Exímio pianista, juntou Keith, Mick, Bill, Charlie e Brian.

Acompanhou-os em muitas turnês. Era chamado de o “quinto Stone”.

Para não deixar dúvidas: vale muito ler a biografia de Keith, “Life”. Escrita de forma inteligente e bem-humorada, não faz concessões as muitas merdas que operou, no que tange ao abuso de drogas ilícitas, álcool, putaria, mas, sobretudo, música, muita música…

“Ruby Tuesday”, clássico dos Stones, nasceu após um rompimento amoroso. Na verdade, Keith fora chutado por uma jovem.

Por exemplo: seu filho mais velho chama-se Marlon. A razão: acabara de nascer, Keith e a mãe – a bela modelo e atriz Anita Pallenberg – estavam completamente chapados. O primeiro a ligar foi o ator Marlon Brando. Após parabeniza-los, perguntou como se chamaria o rebento. Keith respondeu de pronto: “ – Marlon”. Disse depois, nem se lembrar.

Todavia, o mesmo Keith fez questão de organizar uma apresentação – transformada em filme – para celebrar os sessenta anos de Chuck Berry, seu grande ídolo.

Organizou homenagens as grandes bluesmens: Hubert Sumlin, Muddy Waters, Howlling Wolf, Willie Dixon. Aliás, foram os Stones que lançaram Muddy na Europa, a fim de tirá-lo de um absurdo ostracismo.

Desintoxicou-se.

Passou a ser reconhecido como músico e compositor de referência.

Ao sofrer uma queda na Oceania, precisou de uma cirurgia às pressas. Convalescendo, recebeu uma carta do então primeiro-ministro britânico, Toni Blair, chamando-o de “seu herói”.

Fez uma ponta em “Piratas do Caribe”, como pai de Jack Sparow.

Escreveu um livro infantil para seus cinco netos.

Lutou a vida inteira para os Rolling Stones continuarem íntegros e coesos, como uma banda de Blues e Rock. Conseguiu.

Compôs, executou, gravou, pérolas eternas do cancioneiro planetário. Em seu jubileu de diamantes, resta-me saudá-lo e agradecê-lo. Vida eterna ao velho Keith

 

Zé Renato é professor de Filosofia da UniJales
joserenatostb@hotmail.com

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