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Já são 2.600 moradores com Covid-19; sem citar números, Dr. Gaggini confirma subnotificação e pede apoio da população

Já está em 50% de ocupação de leitos: aumento de casos positivos e número elevado de síndromes gripais na cidade geram receio quanto ao colapso da Santa Casa

Fernandópolis se aproxima do pior momento desta pandemia do novo Coronavírus: número elevado de infectados, oficialmente, 261 (*atualização às 20h de 18 de junho; 261 casos positivos no dia 17, 277 no dia 18 – matéria publicada antes da divulgação do boletim desta quinta-feira), com aumentos significativos sendo registrados sucessivamente. Já foram dois recordes de casos dentro de 24h: 30 no dia 10, depois 31, dia 16, de acordo com os Boletins Epidemiológicos divulgados pela Prefeitura, o mais recente nesta quarta-feira (17).
Dos casos de síndromes gripais, em franca ascensão nos últimos 3 dias – passou de 100 no último dia 15, foi para 121 e chegou a 130, nesta quarta-feira -, se houver uma evolução da doença em muitas pessoas que seguem monitoradas pelo Comitê de Contingência (formado para combater a Covid-19 em Fernandópolis), a necessidade de tratamento com internação poderá levar a Santa Casa ao colapso: pacientes poderão ficar sem atendimento na cidade.
Revoluir confirmou nesta quarta que o exame de um dos pacientes em estado grave na UTI deu negativo. Mesmo assim, são 3 pacientes com testes positivos internados na UTI; outros 2 suspeitos na enfermaria (Unidade II), local que também conta com 7 casos positivos em tratamento.
Ao todo, são 13 leitos pelo SUS na Unidade II, específica para tratamento e internação de pessoas sob suspeita ou com exames positivos para Covid-19. Nesta enfermaria há outros 5 leitos para pacientes de convênios ou atendimento particular.
Na UTI são 6 leitos. A Santa Casa está, neste momento, com 50% de ocupação, tanto na UTI quanto na Unidade II, para internação e tratamento intensivo de casos de Covid-19.
Para acompanhar os boletins no site da Santa Casa, clique aqui e confira os números divulgados diariamente pelo Núcleo Hospitalar de Epidemiologia.
NÚMEROS
NA REAL: JÁ SÃO 2.600 PESSOAS COM CORONAVÍRUS EM FERNANDÓPOLIS, E SUBINDO…
Uma estimativa que trata da subnotificação em todo o Brasil indica que, em média, o país consegue detectar, através de testes com resultados positivos, apenas 10% da população realmente infectada pelo novo Coronavírus.
Baixo índice de testagem populacional, assintomáticos e pessoas que apresentam sintomas leves de Covid-19, que, mesmo monitoradas em isolamento domiciliar, não realizam exames, estão entre os indicativos para se chegar à taxa de subnotifação, através de pesquisas de universidades e institutos que monitoram a evolução do novo Coronavírus no Brasil.
Portanto, numa conta simples, mais de 2.600 fernandopolenses já teriam contraído Covid-19.
Sem citar números, estes apurados pelo Revoluir, o médico infectotologista, que coordena o Comitê de Contingência da Covid-19 em Fernandópolis, Dr. Márcio César Reino Gaggini, confirma que a subnotificação deixa o total de casos positivos longe do real.

Difícil responder com fidelidade, devido à pouca oferta de exames que tivemos no início dos casos e pelo grande número que podemos ter de assintomáticos, o que posso dizer é que esse número (de casos positivos divulgados oficialmente) é bem abaixo da realidade

ÍNDICE ÍNFIMO DE TESTAGEM EM FERNANDÓPOLIS
Se levarmos em conta a estimativa do IBGE sobre o total de moradores em Fernandópolis para o ano de 2019, o município teria 69 mil habitantes, lembrando que o último censo foi realizado em 2010, quando registrou 64 mil moradores.
Trabalhando com a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, tendo 787 pessoas submetidas a exames laboratoriais para Covid-19, no universo dos casos positivos, negativos e suspeitos registrados nos Boletins Epidemiológicos, esses números indicam uma porcentagem baixíssima de testagem da população fernandopolense: 1,4%, praticamente um exame para cada 100 habitantes.
SEM FESTAS: ARTIGO 268 PREVÊ PRISÃO DE ATÉ UM ANO, ALÉM DE MULTA
Após afrouxar restrições no comércio, com direito a liberar campanha de vendas para o “Dia dos Namorados”, como a realizada pela ACIF no último feriado, véspera da data comercial, em live novamente ao lado do secretário da Saúde, Ivan Veronezi, o prefeito André Pessuto, no dia 11 de junho, destacou várias iniciativas da Prefeitura de Fernandópolis na prevenção à Covid-19.
Num vídeo gravado no Cadip, Dr. Gaggini foi direto em sua mensagem: a responsabilidade pelas “festas” é da população.
A Prefeitura enfatizou que o aumento de casos positivos se deve às confraternizações familiares e entre amigos, nas quais várias pessoas se reúnem para comemorar aniversários ou simplesmente para um churrasco.
Isso pode acarretar o “colapso” na Santa Casa: pode haver falta de leitos diante de um número muito elevado de pacientes em estado grave.
Fechar novamente 100% de estabelecimentos comerciais não essenciais já é pensado como forma de combater o que é identificado no Paço Municipal como fator decisivo para o atual cenário: a “falta de seriedade” dos fernandopolenses.
“Esse é o pior momento para festas e confraternizações de familiares e amigos. Teremos a hora certa para isso, mas não pode ser agora. Falta de seriedade é não usar máscara, ter contato com várias pessoas sem máscara”, disse o infectologista Márcio Gaggini.
Complementando o recado da Prefeitura de Fernandópolis a toda a população, foi confirmado que denúncias sobre festas e ações contrárias às determinações do Plano SP, do governo estadual e seguido pelo município, serão averiguadas e sanções legais, embasadas no artigo 268 do Código Penal, poderão ocorrer.

Art. 268 – Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa:
Pena – detenção, de um mês a um ano, e multa
Parágrafo único – A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro

POSTURA DAS PESSOAS TEM QUE MUDAR!

Revoluir falou com Dr. Gaggini no dia 27 de maio e também nesta quinta, dia 18. Confira alguns temas abordados pelo médico infectologista, que não descarta o retorno de medidas restritivas no comércio, salienta a necessidade de apoio da população e confirma o uso de Hidroxicloroquina em dois pacientes que passaram por tratamento na Santa Casa.
Avaliação semanal dos números gerais: com aumento substancial do número de casos, o que já em ocorrendo, restrições no comércio podem colocar flexibilização em xeque

Deve-se evitar as aglomerações e manter os cuidados com a higienização. Pode ocorrer aumento de casos na pior das projeções, caso ocorra, algumas medidas em relação a flexibilização devem ser alteradas novamente. Possuímos um Comitê de Contingência em Fernandópolis e vamos continuar avaliando semanalmente os números gerais e sempre apresentando ao prefeito. Tendo aumento de casos, deveremos partir para outra etapa do nosso plano de contingência, com abertura de novos leitos e retorno de algumas medidas restritivas. Por isso, a avaliação é feita com frequência e os métodos preventivos da Prefeitura se mantiveram sem parar. Quanto mais apoio tivermos da população nesse momento, menor o risco que isso ocorra

Exames PCR, aumento da capacidade de diagnósticos e testes rápidos

As novas indicações para o PCR já estão em funcionamento na nossa cidade desde a semana passada (entre 18 e 20 de maio), isso ampliou muito nossa capacidade de diagnosticar no início dos sintomas. Não sei quais outras cidades estão realizando, sei que fomos uns dos pioneiros, causando aumento na nossa casuística. Hoje temos o teste rápido, que é uma sorologia, sendo sua indicação para contatos positivos e para uso da nossa vigilância. Também temos o PCR, que é enviada a amostra para São José do Rio Preto. O teste rápido deve ser realizado dê preferência após o oitavo dia de sintomas e o PCR até o sétimo dia

Uso de Hidroxicloroquina e cuidados com corticoideterapia

Corticoideterapia desde o primeiro internado. Hidroxicloroquina foi adotado no tratamento em dois pacientes internados até o momento. Existe um protocolo do Ministério da Saúde autorizando o uso, no protocolo oferecemos ao paciente e ele decide o uso ou não, sendo assinado um documento no qual consta que não existem evidências científicas comprovando sua eficácia e demonstrando os seus prováveis efeitos colaterais. A corticoideterapia só deve ser utilizada em casos com comprometimento pulmonar, não deve ser utilizada em casos leves e muito menos como profilaxia, isso pode gerar complicações importantes

Veja a evolução dos casos de Covid-19 em Fernandópolis nos últimos 18 dias:
DATA POSITIVOS SUSPEITOS SÍND. GRIPAL ÓBITOS
31/5 64 08 06 0
1/6 66 07 28 0
2/6 72 74 22 0
3/6 81 11 26 0
4/6 91 11 32 0
5/6 102 15 34 0
6/6 108 05 15 0
7/6 113 02 07 1
8/6 124 13 72 1
9/6 136 29 69 1
10/6 166 20 58 1
11/6 180 27 21 3
12/6 197 34 41 3
13/6 201 20 18 3
14/6 201 20 20 3
15/6 219 30 104 3
16/6 250 38 121 3
17/6 261 47 130 3
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A novidade que traz dados positivos sobre o tratamento para Covid-19 é o uso do Dexametasona. No entanto, assim como a corticoideterapia, tal medicamento deve ser usado somente sob acompanhamento médico para se evitar complicações. Automedicação mata!
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A subnotifação de casos vende uma falsa ilusão, sendo que a realidade vai muito além dos casos positivos indicados oficialmente. Pesquisas confirmam que o número de infectados é muito maior do que vem sendo divulgado, com índices que vão de 7% a 15% de subnotificação.
Em Fernandópolis, uma mulher, de 50 anos, morreu com suspeita de ter contraído Covid-19. Ela não vinha sendo monitorada e não realizou nenhum exame.

 

Veja o alerta para subnotificação após aumento de pessoas que estão morrendo em casa, sem tratamento nem monitoramento: são considerados “casos leves”
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