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AIDS

Bem, resolvi confirmar ao público as suspeitas que a imprensa vem levantando há algumas semanas: eu sou HIV positivo, e venho lutando contra essa doença há alguns anos. Espero que daqui para frente todos se conscientizem e se unam para enfrentar esse terrível mal

(Frase de Freddie Mercury, famoso vocalista e pianista do Queen, banda britânica de Rock, um dia antes de morrer devido a complicações da AIDS, no ano de 1991).

A Síndrome da Imunodeficiência adquirida, conhecida como AIDS (sigla em inglês), que ceifou a vida de Freddie Mercury, não está sendo mais abordada na mídia de forma ostensiva como em outros tempos, no entanto, é um problema de Saúde Pública que continua fazendo vítimas e, embora tenha tratamento, ainda não apresenta cura, muito menos vacina. Ademais, o coquetel de medicamentos tomados pelo paciente pode provocar efeitos colaterais indesejáveis.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 35 milhões de pessoas já perderam a vida em decorrência de problemas relacionados a essa síndrome. Somente no ano de 2017, foram contabilizadas mais de 1 milhão de mortes

Atualmente, cerca de 37 milhões de pessoas em todo mundo estão contaminadas com o vírus HIV (causador da AIDS), sendo que 70% delas estão no continente africano. Desse total, 1,8 milhão foram contaminadas no ano passado. No Brasil, de acordo com a UNAIDS (programa das Nações Unidas de combate e prevenção da AIDS), ocorreram cerca de 14 mil mortes no ano de 2016, 830 mil pessoas estão convivendo com o HIV e 48 mil novas infecções aconteceram, naquele ano, no país.

Em Fernandópolis, segundo publicação da Secretaria Municipal de Saúde, no site da Prefeitura, no dia 28 de novembro de 2017, 400 pessoas estão tomando os medicamentos para tratar o HIV e, desse total, 31 casos foram diagnosticados no ano de 2017. Destaca-se que é comum a subnotificação, ou seja, os números de casos podem ser maiores

As formas de prevenção são bem conhecidas: utilizar, corretamente, camisinha nas relações sexuais, não compartilhar seringas em hipótese alguma (hábito que pode ocorrer entre usuários de drogas injetáveis), esterilizar agulhas e instrumentais perfurocortantes utilizados em procedimentos cirúrgicos. Mulheres grávidas, contaminadas pelo HIV, devem se submeter ao tratamento antirretroviral para evitar a transmissão do vírus ao seu filho durante a gestação, devem escolher a cesárea eletiva em detrimento do parto vaginal (somente em casos específicos, segundo o Ministério da Saúde, deve-se realizar o parto vaginal e, ainda assim, alguns procedimentos invasivos devem ser evitados durante o trabalho de parto) e não podem amamentar o recém-nascido; também recomenda-se observar todos os procedimentos preventivos relacionados à transfusão sanguínea a fim de se evitar a transmissão por essa via. Destaca-se que não se pega o vírus ao doar sangue, e que este é um ato de amor e sempre deve ser incentivado junto à população, pois salva vidas.

Desde a década de 1980, foi instituído pelas Nações Unidas que no dia 1° de Dezembro celebra-se o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, que tem como objetivo conscientizar o público a respeito do problema. Uma das pautas permanentes da campanha é incentivar a realização do exame, que favorece o tratamento em caso de diagnóstico precoce (lembre-se, a AIDS tem tratamento, mas não tem cura). Outra importância do processo é evitar a transmissão do HIV por quem não sabe que está contaminado (é comum a pessoa contaminada não manifestar os sintomas durante certo tempo).

É fundamental conhecer as formas de transmissão do vírus para prevenir o avanço da enfermidade, mas também para impedir o preconceito e a discriminação pelos quais passam as pessoas acometidas por esse mal

Em 2011, em entrevista ao portal da internet “R! Tribuna”, do Paraná, a aposentada B.A., na época com 37 anos, relatou que contraiu AIDS do marido há 22 anos. “Até o momento que a pessoa não sabe, ela te trata de uma maneira. A partir do momento que descobre, passa a te ignorar. O que mais dói é o preconceito familiar”, conta B.A. A aposentada declarou que passou por várias situações de preconceito entre os próprios familiares: “Nos domingos, os filhos se reúnem com minha mãe, e eu e meu namorado não participamos por causa das indiretas e das conversas”, diz B.A. Seu namorado também é portador do vírus da AIDS.

Desde o primeiro ciclo de expansão mundial da AIDS, na década de 1980, todo tipo de desinformação (algo que está na moda, atualmente, em outros assuntos nas redes sociais) alimentou o preconceito contra pessoas que convivem com o HIV. Não se pega o vírus por meio de beijo no rosto ou na boca, pelo contato com suor ou lágrimas, picada de insetos, aperto de mão ou abraço, compartilhamento de utensílios como toalhas, lençóis, sabonetes, copos, pratos, talheres e assento de ônibus; também não se pega ao nadar em piscinas e ao utilizar banheiros, mesmo os de uso público. O sexo seguro, praticado com a utilização correta de camisinha, e a doação de sangue também não são vias de transmissão do HIV (como já citado).

A informação e a divulgação eficiente são importantes na conscientização do público, especialmente entre os jovens. Em reportagem no portal da internet G1, no dia 02 de agosto de 2014, o jovem D.C., então com 25 anos, portador do HIV desde os 18 anos, opinou: “As campanhas não estão atingindo os jovens, que banalizam a questão do HIV. Acham que está distante. Não acham que está na pessoa ao seu lado, na pessoa com quem está flertando, na pessoa que conheceu na balada”. D.C. acredita que, para atingir os jovens, as campanhas devem utilizar uma linguagem diferente e recorrer às redes sociais e aplicativos na internet que dialoguem melhor com eles.

O chão se abre debaixo de uma pessoa que recebe o diagnóstico de HIV positivo, o choque é enorme ao se deparar com a terrível notícia, e tudo que ela não precisa é de discriminação e preconceito. Além dos medicamentos recebidos durante o tratamento, amor, carinho e apoio da família e dos amigos são fundamentais nesses casos

É imprescindível as pessoas se atentarem aos métodos preventivos, nunca subestimarem as formas de transmissão do vírus da AIDS e, como disse o grande astro Freddie Mercury, um dia antes de sua morte em decorrência dessa síndrome: “…que daqui para frente todos se conscientizem e se unam para combater esse terrível mal”.

 

Carlos Eduardo Maia de Oliveira é Biólogo, Cirurgião-Dentista, Mestre em Microbiologia, Doutor em Geologia Regional, Professor EBTT no Instituto Federal de São Paulo – Campus Votuporanga
edumaiaoli@yahoo.com.br

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